Nas travessias de longa distância no mar, os barqueiros são parte importante da prova. Não só zelam pela segurança dos nadadores, como também fazem parte da estratégia e têm relevância no resultado da prova do nadador. Os barqueiros, em geral, são pescadores e têm grande conhecimento do mar. Mas não são nadadores.
Os nadadores são atletas preparados para resistir a grandes distâncias, são treinados a levantar a cabeça durante o nado a fim de fazer a navegação. Mas não são marinheiros.
O barqueiro sabe reconhecer as eventuais correntezas, as mudanças de ventos e do tempo que irão enfrentar pelo caminho.
Ele sabe que o nadador sairá do ponto X e deverá chegar no ponto Y.
O que ele não sabe é reconhecer as dificuldades do nadador em fazer a navegação e manter o prumo.
É preciso esclarecer o papel importante que o barqueiro tem na prova. E aí então, ele será de grande ajuda.
Em função das condições do mar naquele momento, ele pode apontar a proa do barco no ponto de referência para onde o nadador deverá chegar. Assim, ele poderá acompanhar o nadador com o barco.
Ele deve manter o barco relativamente próximo ao atleta e acompanhar a velocidade que o nadador imprime ao nado. O barco não deve ficar à frente do nadador para evitar que ele sinta o gosto e o cheiro do óleo diesel ou da gasolina. Mas também não deve ficar atrás dele. Isso evita que o nadador tenha que olhar constantemente para trás, atrapalhando seu ritmo de nado e sua técnica.
Essa “parceria” é essencial, sobretudo em momentos em que o mar tem ondas médias ou grandes que inviabilizam o nadador na marcação do ponto de referência. Ao navegar próximo de quem está dentro d’água e em paralelo a ele, o barqueiro evita que o atleta levante a cabeça para a navegação, economize energia, ganhe tempo e se sinta apoiado e seguro.
O barqueiro deverá ficar atento também às mudanças das condições do mar. Ele poderá então, adaptar um novo percurso para o nadador levando-o, por exemplo, para mais perto da costa onde a correnteza seja menor. Ele deverá reaprumar a proa do barco em um novo ponto de referência e indicar o novo percurso (será em linha reta com mar de “almirante” ou usará o recurso de várias “pernas” no caso de correntezas). Com isso, o atleta poderá economizar força, energia e tempo.
O barco estará sempre do lado em que o nadador fizer a respiração. Ao atleta, cabe sinalizar o barqueiro se houve alguma mudança na correnteza para que ele possa ajudá-lo em traçar um eventual novo percurso.
O nadador terá seu desempenho muito otimizado ao ter um barqueiro empenhado no reconhecimento das dificuldades e nas condições que o mar apresenta.
Essa sintonia é um trabalho de equipe.
E assim sendo, deixo aqui uma sugestão: poderiam talvez refletir em conferir uma medalha aos respectivos barqueiros!
Texto produzido por Fabienne Guttin