Li em um jornal inglês que a missão dada pela CBF a Fernando Diniz, o técnico interino da Seleção Brasileira, é “não ganhar”.
Se esta missão lhe foi confiada, ele a vem exercendo com imenso sucesso. Mas poderia se contentar com empates. Não precisava exagerar e perder.
O problema é que vem perdendo. Perdendo da Colômbia, do Uruguai, da Argentina, empatando com a Venezuela. Estamos em sexto e último lugar para nos classificarmos para a Copa do Mundo de 2026 e o otimistas dizem; “Vamos nos classificar, é inconcebível que não nos classifiquemos”. “Nunca deixamos de nos classificar”.
Mas há sempre uma primeira vez, não é? A tese dos ufanistas é de que historicamente o Brasil tem grande realce entre os países sul-americanos em matéria de futebol – mas, meus amigos, o tempo passa e as coisas mudam.
Houve tempo – eu me lembro bem dele – em que a Colômbia, por exemplo, era para ser derrotada por marcadores como 6 a 0 ou 6 a 1. A Venezuela, então, nem se fala, mesmo porque lá o esporte preferido é o beisebol.
Mas isto foi, não é mais. O futebol de nossos adversários, eternos sacos de pancada,
melhorou. O nosso piorou.
“Você está velho”, dirão meus inimigos, quando me refiro a esses tempos. De fato estou, mas, para fazer o que Fernando Diniz vem fazendo com a Seleção Brasileira, na tentativa de se classificar (?!) para a Copa do Mundo, ainda tenho energia de sobra. Basta respeitar a “missão” dada pela CBF e ficar gritando, à beira do gramado, “não ganhem, não ganhem”.
Nesta terça-feira, 21 de novembro, assisti à maior parte do jogo contra a Argentina, no Maracanã, que acabou com nossa derrota por 1 a 0. Com alguns minutos de partida, três jogadores brasileiros (Gabriel Jesus, Raphinha e Carlos Augusto) já estavam com cartão amarelo. Disse a meus botões: “as coisas vão mal”.
Como é que a Seleção Brasileira tem a ingenuidade de receber três cartões amarelos e ficar com jogadores pendurados ainda antes do meio do primeiro tempo? Não sabem eles, os brasileiros, que seus adversários argentinos sempre foram mestres em caírem ao chão, como que fulminados por um raio, levando as mãos ao rosto, em convulsões, prontos para morrer?
Especialmente aquele De Paul, que já tinha feito a mesma pantomima na partida anterior de seu país contra o Uruguai?
Durante todo o primeiro tempo, o Brasil deu um único chute ao gol adversário, com relativo perigo, em uma jogada de Gabriel Martinelli. No segundo tempo, como já vinha acontecendo em outros jogos, sofreu um gol de cabeça em uma bola alta dentro da área.
É a terceira vez consecutiva que o Brasil perde para a Argentina e a primeira vez em nossa história que perdemos dois jogos consecutivos em eliminatórias para a Copa do Mundo.
Estamos em último lugar na classificação para a Copa de 2026. Chile e Paraguai vêm logo atrás, resfolegando em nosso cangote. A missão confiada a Fernando Diniz, um técnico interino, publica agora um jornal inglês, é de “não ganhar”. Disseram-lhe também que ele precisava trazer de volta o “velho futebol brasileiro”. Então, que traga.
Alô Pelé, alô Garrincha, alô Rivelino, alô Didi.
José Inácio Werneck é a autor do texto e está no CLUBE DO MOVIMENTO como JOSÉ INÁCIO WERNECK