Mario Viana: na “banheira”, comendo “frango” com “salame”

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Não sei se meus leitores de uma geração mais jovem sabem quem foi Mário Vianna. Explico logo: foi um dos mais famosos juízes de futebol do Brasil, com uma carreira marcada por imensas controvérsias, inclusive na Copa do Mundo de 1954, quando acusou seu colega inglês Arthur Ellis de ser “comunista”, depois da partida em que fomos eliminados pela Hungria por 4 a 2.
Ex-integrante da temida Polícia Especial, valentão, brigão, Mário Vianna ficou famoso, entre outros incidentes, por ter dado um soco no atacante italiano Giampiero Boniperti, também na Copa de 1954, em um jogo dos “Azzurri” contra a Suíça.
Em São Paulo, certa vez, depois de uma partida que apitara no Pacaembu, Mário Vianna foi informado de que a polícia iria ser chamada para protegê-lo, pois a torcida o aguardava fora do estádio, para trucidá-lo.
Respondeu: “Mandem a polícia lá fora proteger a torcida, pois Mário Vianna, com dois enes, vai sair agora”.
“Mário Vianna, com dois enes”, era um de seus inúmeros bordões. Os “dois enes” eram uma forma de explicar sua virilidade, se os leitores me entendem.
Bem, recordei-me de Mário Vianna ao ler outro dia uma coluna do ex-jogador Tostão (grande figura da Copa de 1970) em que ele explicava a criação do termo “banheira” para descrever os lances de impedimento em um jogo de futebol.
Citando o escritor Mário Prata, Tostão julga que a história começou lá pelos fins do século XIX em um jogo na Inglaterra.
A partida teria sido realizada em um campo atrás do qual um castelo estava sendo demolido.
Entre outras peças, tinham lá deixado uma banheira.
Mário Prata alega que um atacante teria se escondido na banheira. Quando uma bola foi lançada para a área do adversário, ele teria entrado de novo em campo e marcado um gol.
“Bathtub”, “bathtub” – gritaram os jogadores da defesa adversária. “Banheira”, “banheira”.
Achei a história um absurdo sem pé nem cabeça, mas mesmo assim tratei de conferir com jornalistas ingleses meus conhecidos. Nenhum jamais ouvira falar no assunto.
No Brasil, na verdade, “banheira” era um dos outros conhecidos bordões de Mário Vianna (com dois enes). De sua cabine no Maracanã ele bradava, debruçando-se para fora da janela, quando julgava que um gol fora marcado em impedimento.

BANHEIRA! BANHEIRA!!

A torcida nem precisava estar com seus radinhos de pilha ligados.
Outro famoso grito de Mário Vianna (com dois enes) era SOPRADOR DE APITO!, quando um juiz se mostrava especialmente incompetente em campo.
Mário Vianna (com dois enes) teria criado o bordão “banheira”? Ou “banheira” é mais uma das muitas gírias, como “frango”, “salame”, “drible-da-vaca”, “lençol”, “chapéu”, “cera”, “embaixada”, etc., de que o futebol brasileiro sempre foi pródigo e que foram naturalmente surgindo à medida que o povo crescentemente se apaixonou pelo jogo e passou a praticá-lo – e aí vem outra famosa gíria – em animadas “peladas”?
Quem pode dizer que sabe exatamente quando cada um deles começou?

José Inácio Werneck é a autor do texto e está no CLUBE DO MOVIMENTO como JOSÉ INÁCIO WERNECK

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