Uma das primeiras escolas grande de natação em que eu trabalhei chamava-se na época Acquademia (e ainda existe no Taboão da Serra, com o nome atual Acquademia Espaço Físico)
Pois bem, comecei a trabalhar lá de noite.
Logo nas minhas primeiras aulas, a programação da semana seria borboleta e costas.
Até aí tudo bem, estavam trabalhando Medley.
Eu estava dividindo as turmas daquele horário (se não me engano 19h15) com outra professora mais antiga na academia.
Meus alunos estavam nadando o costas e os dela o borboleta. Naquele dia da semana a aula seria toda de costas, o que já causou um certo desconforto na minha turma, que não gostava muito do estilo.
Mas vamos lá, comecei com alguns exercícios novos e até que o pessoal se empolgou, com exceção de um moço que me falou não gostar muito do nado costa e achava até que voltaria outro dia, quando a aula fosse de outro estilo.
Mas, como professora nova no horário, eu prometi fazer de tudo pra ele gostar da aula.
E, tudo estava indo bem, até que o seu companheiro de raia, passou no sentido contrário nadando borboleta.
Uma onda, uma grande onda encobriu meu aluno. Vi na hora que ele tomou um “golão” de água. Imediatamente ele parou na piscina, começou a tossir, olhar pra o teto,levantar os braços e olhar pra mim e para a outra prof, com cara de desespero; estava engasgado! Estava indo até ele, quando a prof disse:
– não se preocupe, ele de costas é assim mesmo.
Bom ele permaneceu parado no meio da raia por um tempo, até voltar ao normal.
Chegando na cabeceira da piscina retirou-se imediatamente e eu pensei, acabei de perder um aluno!
Lembro que ele faltou na aula seguinte, mas depois retornou como se nada tivesse acontecido.
Prometi maneirar no costas com ele, mas sempre mostrando onde ele deveria melhorar. Emprestei dvds de natação e livros pra que ele visse que não era assim tão difícil.
Nossa amizade foi aumentando e, como o esporte conecta, começamos a andar de bike juntos na USP, iniciamos juntos aulas de tênis e até musculação.
Moral da história, aquele moço que não gostava de nadar costas e quase se afogou na minha primeira semana naquela academia, continua não gostando de nadar costas, mas hoje, depois de 7 anos de namoro, é meu marido há 24 anos!
O esporte conecta, a Natação é responsável por tudo o que me tornei e tenho hoje, inclusive o Marido!
Hoje, ele me acompanha nas piscinas com a turma do Brincanthis, sempre que pode e eu preciso, está comigo nas competições do SPFC, e as vezes arrisca algumas braçadas desde que não seja de costas!
Sim, nossa história começou conectados pelo esporte, pela minha querida Natação!
Sem dúvida, o esporte conecta!!!
Ana Cristina Amaral é a autora do texto e membro da BRINCANTHIS