Amigos, não sei se os Estados Unidos amam o nosso futebol, o futebol jogado com uma bola redonda e com os pés.
Mas o futebol, o nosso futebol, ama os Estados Unidos.
Subitamente, tudo o que é importante em matéria de futebol, o futebol de verdade, não o Futebol Americano, passará a acontecer nos Estados Unidos.
A festa começa este ano, com a Copa América. Embora ela seja uma criação da Confederação Sul-Americana de Futebol, conhecida como CONMEBOL, a Copa América de 2024 será disputada em junho e julho deste ano nos… Estados Unidos.
A competição é importante, claro, tanto que seu vencedor (de repente, quem sabe?, um México, que não pertence à CONMEBOL) vai enfrentar no ano seguinte o campeão da Europa.
E nesse ano seguinte que acabo de mencionar, 2025, a FIFA já programou o novo ampeonato Mundial de Clubes, com nada menos do que 32 times de todo o planeta, a ser disputado nos… Estados Unidos. Está certo que os campeões da Copa Libertadores de 2021 a 2024 estarão entre os competidores, o que, desde já, assegura a presença do Fluminense, que há pouco foi humilhado pelo Manchester City da Inglaterra, na disputa do Campeonato Mundial de Clubes de 2023, em seu atual formato, a ser abandonado pela FIFA.
E, em 2026, a jóia da coroa: a Copa do Mundo será disputada nos… Estados Unidos.
Bem, para disfarçar um pouco, México e Canadá, que fazem parte do continente norteamericano, também terão alguns jogos. Serão poucos. A partir das quartas-de-final todas as partidas acontecerão em território americano, incluindo, é claro, a decisão do título.
Diga-se que esta será a maior Copa do Mundo de todos os tempos. Nada menos do que 48 seleções de todos os continentes.
Eis a nova realidade: tudo o que há de importante no mundo da bola redonda já está acontecendo ou passará a acontecer nos Estados Unidos – a pátria da bola oval. Até Messi, o maior astro do futebol, está nos Estados Unidos, em Miami, e para lá já levou seu excompanheiro de Barcelona, o uruguaio Luis Suárez, do tempo em que os dois, juntamente com o brasileiro Neymar, compunham o grupo de “Los Tres Amigos”.
“Los Tres Amigos” agora são apenas dois. Neymar ficou de fora. O que, por sinal, parece ser o que vem acontecendo com todo o futebol brasileiro neste Brave New World, em que a nossa Confederação Nacional, a CBF, já nem tem presidente e em que a FIFA parece ver apenas um país digno de nota: os Estados Unidos.
José Inácio Werneck é a autor do texto e está no CLUBE DO MOVIMENTO como JOSÉ INÁCIO WERNECK