O uso da bicicleta como modal em países desenvolvidos já é algo cultural, em contrapartida, no Brasil, ainda é um paradigma a ser vencido, porém, cada vez mais, novas ciclovias vêm sendo construídas e com elas mais adeptos ao uso da bicicleta. Também temos esportes com o uso da bicicleta, como o ciclismo, triathlon, mountain bike e inúmeros outros, modalidades que envolvem percorrer grandes distâncias ou curtas distâncias. A bicicleta é um componente fundamental dessas modalidades esportivas, pois interfere na performance e na possibilidade em desenvolver uma lesão no praticante.
O ciclismo tem se desenvolvido notavelmente nas últimas décadas. No âmbito esportivo de alto rendimento as preocupações são diversas: questões como a posição tomada pelo atleta na bicicleta até acessórios como pedais, freios, assentos, pneus, entre outros, têm intrigado pesquisadores forçando-os a buscar soluções para as perguntas acerca das respostas fisiológicas e mecânicas para as alterações na carga de trabalho e/ou na produção de energia, bem como dos efeitos da posição do corpo e configuração do quadro (parte principal da estrutura que determina as dimensões e geometria) sobre desempenho.
São diversos os ajustes do ciclista na bicicleta, usualmente chamado de “bikefit”, como altura do selim, comprimento da bicicleta, ângulo de inclinação do selim (podendo a ponta do banco ser inclinada para cima ou para baixo), inclinação do guidão (local onde o ciclista apoia as mãos), posição do “taquinho” (parte do solado do calçado que se encaixa no pedal), ângulo da mesa (suporte do guidão), centralização e ângulo do manete de freio e outros. No Brasil, o termo correto seria Biomecânica de Ciclismo, pois seria o estudo biomecânico no ciclista, algo que deveria ser feito por um Professor de Educação Física, pois somente ele saberia controlar as variáveis do aluno durante o ajuste.
Uma dúvida recorrente entre os usuários da bicicleta é o ajuste da altura do selim, pesquisas comprovam que o ajuste adequado da altura do selim é importante para o desempenho e prevenção de lesões na prática ciclismo. A literatura revisada recomenda o uso de um ângulo do joelho de 25° a 35° graus, para prevenir lesões e tem influência direta no desempenho do ciclista.
Estudos anteriores também compararam a potência anaeróbia, entre um ângulo de 25° no joelho, um ângulo de 35° no joelho e 109% da altura entre pernas, e encontraram um aumento na potência anaeróbia em um ângulo de 25° no joelho.
Em estudo publicado no “Journal of Strength and Conditioning Research” com título “Effects of saddle height on economy in cycling”, concluiu que o uso de um ângulo de 25 a 35° graus no joelho para melhor desempenho e prevenção de lesões.
Os pontos de referência dos ângulos devem ser tomados iniciando-se pelo quadril (trocânter maior), passando pelo epicôndilo lateral do joelho, e finalizando o último ponto, o maléolo lateral, ou maléolo externo direito. Essa mensuração deve ser feita com o uso de um goniômetro. A linha de mensuração inicia-se entre o ângulo do fêmur em relação à tíbia. Recomendo antes de comprar a sua bicicleta e para realizar a sua Biomecânica de Ciclismo (“bikefit”), procure um profissional de Educação Física e juntos irão tomar decisões mais acertadas.
Texto escrito por ANDERSON BASSI