Rio de Janeiro – Regresso, qual Madalena arrependida. Busco refúgio no espaço que me é concedido por minha amiga Alessandra Fattori, a quem aprendi a admirar depois de ter sido por ela levado a conviver com a turma que diariamente nada 500, mil, 1.500, dois mil e até mais metros de manhã cedo na Praia do Pontal, no Rio de Janeiro.
É a turma do Sidney Pereira Team e os leitores ficam logo avisados que brisas do leste, ventos do sudoeste, mar grande, mar chão, valas e correntezas comparecerão periodicamente em meus escritos.
Assim também o futebol e outros esportes, o que me leva desde já a explicar que desisti de escrever na imprensa tradicional brasileira porque ela hoje está totalmente submissa ao politicamente correto.
A irreverência e a ironia estão proibidas. Um Nélson Rodrigues hoje não seria publicado, o que, de resto, o levaria apenas a seguir o caminho agora crescentemente trilhado por qualquer pessoa que tem mesmo alguma coisa a dizer: o caminho da mídia alternativa.
A gota d’água no meu caso foi o que procurei escrever a respeito da nadadora americana Lia Thomas, na verdade um homenzarrão já com mais de 20 anos, cheio de barba, pernas cabeludas, 1,85m de altura, que se chamava William mas resolveu virar mulher. Desvencilhou-se dos apêndices sexuais com que a natureza o dotara, passou a nadar com as “meninas” em competições universitárias e, é claro, ganhou todas as provas, até o momento em que elas, com razão, exercitaram seu direito de espernear e levaram o caso à Federação Americana de Natação.
A Federação Americana chutou para cima, até a Federação Internacional, que tomou uma medida de bom senso: membro (êpa) do sexo masculino que virar mulher só pode competir com mulheres se fizer a transição antes da puberdade.
Se fizer depois, não pode mais, o que me parece justíssimo.
Mas ninguém ficou sabendo o que eu achava ou deixava de achar porque meu artigo não foi publicado, sob a alegação de que ofendia os transgêneros.
Ora bolas! (Perdão, Lia Thomas, ex-William Thomas).
Aqui, pois, retomo o meu caminho, o que me parece um modo apropriado de anunciar um futuro projeto que pretendo compartilhar com os leitores: em meados de setembro vou trilhar “El Camino de Santiago”, desde a cidade do Porto, em Portugal, à de Santiago de Compostela, ao norte da Galícia, na Espanha.
É uma longa e histórica peregrinação que merece, mais do que um relato escrito, um acompanhamento por vídeo. É o que pretendo fazer, com a ajuda da Alessandra.
José Inácio Werneck é a autor do texto e está no CLUBE DO MOVIMENTO como JOSÉ INÁCIO WERNECK