Devo começar esta coluna dizendo que não me surpreendi em nada ao ver a Seleção Feminina de Futebol dos Estados Unidos ser eliminada na Copa do Mundo na Austrália/Nova Zelândia.
Há bastante tempo escrevo que as americanas ganhavam anteriormente porque tinham sido as pioneiras. Por que elas foram pioneiras? Este é um outro assunto, que tem a ver com a política universitária dos Estados Unidos e o que se chama “Title XI”, adotado em 1972.
É, em suma, uma determinação de que as Universidades e Faculdades têm que dar tanto apoio aos esportes praticados por mulheres quanto aos praticados por homens.
Como a política esportiva americana é fundamentalmente baseada em Universidades, o futebol jogado por mulheres ganhou força nos Estados Unidos, enquanto era praticamente ignorado no resto do mundo.
As americanas foram pioneiras e seu exemplo levou o futebol entre as mulheres a ganhar força no outros países.
Tal pioneirismo trazia embutido o germe de sua derrota, pois era evidente que, à medida que outros países com mais tradição em futebol incentivassem as equipes femininas, as americanas inevitavelmente acabariam superadas.
Não deu outra coisa agora na Austrália/Nova Zelândia.
A eliminação americana acabou porém por proporcionar uma ridícula reação do ex-presidente Donald Trump, ora em campanha para voltar à Casa Branca.
Amigos, moro nos Estados Unidos há 33 anos e, antes, já tinha visitado diversas vezes o país. Lembro-me que, em uma dessas ocasiões, em 1980, vi Donald Trump, ainda bastante moço, na televisão, contando vantagens e se gabando de seu sucesso com as mulheres.
Pensei com os meus botões: “este cara é um vigarista”.
“Life goes on”, como na canção dos Beatles. A vida continua e Trump aí está agora, ainda a enganar os trouxas, que são muitos. Como disse certa vez P. T. Barnum, um dono de circo, um trouxa nasce a cada minuto.
Sem nunca ter chutado uma bola na vida, pois só joga golfe – onde, dizem, rouba muito – Trump resolveu debochar da seleção feminina e sobretudo de sua antiga capitã, Megan Rapinoe, que em 2019 tinha recusado seu convite para visitar a Casa Branca, por discordar de sua política.
Foi apenas mais uma constatação de que esporte e política sempre foram e continuam a ser companheiros inseparáveis. Nos Estados Unidos, no Brasil e no resto do mundo.
José Inácio Werneck é a autor do texto e está no CLUBE DO MOVIMENTO como JOSÉ INÁCIO WERNECK