Amigos, estou começando a me convencer de que a invenção do VAR, saudada como salvadora para o futebol, na verdade só veio para atrapalhar.
Deve haver quem não sabe o que é o VAR, então explico: VAR é uma sigla inglesa, que significa “Video Assistant Referee”.
É, em suma, um sistema para ajudar o juiz de futebol que fica em campo. Um grupo de quatro outros juízes fica em uma cabina, vendo o jogo e, mais do que vendo o jogo, revendo o jogo, em vídeo.
Se o juiz comete o que a turminha da cabina considera um erro sério em campo, eles chamam sua atenção, o juiz vai a uma tela ao lado do campo, revê o lance e mantém sua decisão ou modifica-a, de acordo com o que observou.
Assim dito, os incautos poderiam pensar que agora tudo é perfeito em uma partida de futebol.
Ledo engano. Para ficar só na “Premier League”, da Inglaterra, que costumo acompanhar, ultimamente dois grandes erros aconteceram.
O primeiro foi há coisa de duas semanas. O Liverpool fez um gol legítimo, mas foi anulado por impedimento inexistente. O pior é que os quatro assistentes na cabina viram que o impedimento não existia, mas ainda assim não conseguiram transmitir sua observação ao juiz que estava em campo. Quando perceberam que tinham comido mosca, já era tarde.
O segundo erro aconteceu neste sábado, 21 de outubro, no campo do Chelsea, na partida contra o Arsenal, seu grande rival na cidade de Londres.
Veio uma bola cruzada na área, bateu sem querer no braço de um beque do Arsenal chamado Saliba e o juiz deixou passar, mas a turminha do VAR foi lá, obrigou-o a rever o lance e, pronto, pênalti contra o Arsenal.
Tudo por causa do que se convencionou chamar “unnatural position” do braço do jogador do Arsenal. Em bom português, “posição anormal”.
Parece até pornografia, mas não: é porque, hoje em dia, quem pular para cabecear com os braços abertos está condenado a ter cometido um pênalti, mesmo que a bola vá de encontro a um deles sem querer.
No caso de Saliba, ele nem viu a bola. Saltou tentando cabeceá-la, dentro de sua área, pois é para isto que está em campo, mas um jogador do Chelsea pulou à sua frente, encobrindo sua visão. Quando a bola veio, Mudryk, o jogador do Chelsea, cabeceou-a, a bola seguiu em frente e, sem que Saliba a visse, bateu em seu braço.
José Inácio Werneck é a autor do texto e está no CLUBE DO MOVIMENTO como JOSÉ INÁCIO WERNECK