Você quer aprender a nadar, mas tem medo da água?

Quais são os seus medos?

Já parou para pensar nos medos que cercam nosso cotidiano, que enfrentamos (ou não) e a maneira com que eles podem nos fortalecer ou nos paralisar?

Para muitos, nadar é algo libertador. Capaz de conectar você com o seu inconsciente e até mesmo auxiliar na resolução de problemas diários. Mas existe quem não se sinta tão à vontade com a água.

O MEDO DE ÁGUA, OU AQUAFOBIA, É O MEDO INDEVIDO OU IRRACIONAL DA ÁGUA.

Muito frequente também é o medo do afogamento, esse racional, desenvolvido por pessoas que não sabem nadar. Ou não tiveram contato com a água e não saberiam lidar com suas propriedades. Normalmente, as causas para esse tipo de fobia se dão por:

Incidentes traumáticos: situações que levaram pessoas a criar raízes para esse medo. Um afogamento, um acidente com barco, um empurrão na piscina ou lago, enfim. Essas raízes podem ganhar força com situações vividas por pessoas próximas, que tenham se afogado ou até vindo a óbito em meio líquido. Filmes que envolvam acidentes ou afogamentos podem reforçar esses medos.

Acesso à água: a dificuldade de acesso a piscinas, banheiras, praias podem levar algumas pessoas a desenvolver tal medo.

Medo dos pais: os pais, avós ou cuidadores desenvolvem medo nos filhos através de advertências excessivas sobre os riscos de entrar ou se aproximar da água.

Medo não é tudo igual! Como encará-los?

Se para cada doença precisamos de um remédio diferente, cada medo também deve ser encarado de forma específica.

Segundo a Torá, existem duas palavras que designam o medo:

· PACHAD – medo das coisas projetadas e imaginadas; irracional e exagerado, oriundo da ansiedade do que “poderia” acontecer.

Normalmente, esse medo está relacionado com os riscos de afogamento e de como agir perante essa situação. Em alguns casos, é o medo de encarar algo considerado perigoso, que pode causar algum mal.

· YIRAH – é o sentimento que nos domina quando habitamos um lugar diferente, mais complexo ou maior do que estamos acostumados. Esse é o momento que saímos de nossa zona de conforto e descobrimos que podemos ser mais do que imaginávamos.

O caso do encontro com o mar.  Ambiente desconhecido e de grande extensão, pouco controlado e com propriedades adversas.

CORAGEM PARA SE DESAFIAR E VENCER OS MEDOS

CORAGEM (do latim cor+actium: agir com o coração).

Engana-se quem acredita que coragem é a ausência do medo! Ter coragem é encarar, se preparar para combater algo, ainda que gradativamente. E assim deve ser feito. Expor-se à situações (controladas e seguras) que nos remetem ao medo e encontrar soluções para tal, até que se sinta seguro.

Ninguém vence o medo de uma hora para outra. E a forma mais fácil é criar metas plausíveis para que, gradualmente, eliminemos o que tanto tememos, criando ações em resposta àquilo que vamos encarar.

Como vencer o medo da água com aulas de natação

Quando recebemos um aluno que possui esse tipo de fobia, devemos entender que o primeiro passo dado por ele (e talvez o mais difícil) já foi dado.

Isto é, a força de vontade para enfrentá-lo. Além de confiar em nossas mãos o compromisso de compreender o motivo e as causas que despertaram-no esse temor, avaliar a maneira como se deve ser trabalhado e respeitar o limite do aluno (se ele se sente à vontade ou não com a profundidade da piscina, se é preciso acompanhar de dentro d’água os primeiros encontros e assim por diante). E dessa forma, direcionar o trabalho que será realizado e de preferência comunicar ao aluno as etapas do aprendizado.

Os alunos depositam confiança nos profissionais. Devemos nos apoiar e ser fiéis a isso. Nossa palavra é a verdade ao aluno e tudo o que proferimos devemos cumprir.

Exemplo

O aluno ainda não está habituado à grandes profundidades e pede para, naquela sessão, não passar pela região onde não alcança o chão.

Então temos duas opções possíveis:Respeitar seus limites, dialogar a respeito da insegurança e dar continuidade da forma que ele se sinta confortável.

Entender, explicar e encorajar o aluno a superar essa dificuldade, sempre amparado pela segurança do professor para o mesmo.
Repare que ambas as abordagens têm um ponto em comum: o diálogo.

Devemos, ao início de cada sessão, determinar nossos objetivos e darmos o feedback sobre o que foi trabalhado no fim de cada aula. Dessa forma, o aluno consegue enxergar seu desenvolvimento a cada braçada.

Dica: a filmagem ou anotações a respeito do primeiro dia de aula também é um arquivo interessante para demonstrar o desenvolvimento no futuramente.

Aprendendo a nadar

Em média, um adulto aprende a nadar entre 6 a 12 meses. Porém, cada caso é um caso. A adaptação ao meio líquido se sustenta em 3 pilares:

· RESPIRAÇÃO

Acontece diferente do que estamos acostumados.

No meio terrestre inspiramos pelo nariz e expiramos pela boca. No caso da natação, a inspiração acontece pela boca (maior amplitude para absorção de oxigênio de forma rápida) e expiramos pelo nariz (além de realizarmos a troca dos gases, quando “soltamos” ar pelo nariz dentro d’água também impedimos que a água entre em nossas vias aéreas, pelo bloqueio da ação).

· EQUILÍBRIO

Conhecimento das propriedades da água (força de empuxo, densidade) e de que maneira nos favorecem para realizarmos as mais variadas flutuações, colocando nosso corpo em equilíbrio com a superfície.

· PROPULSÃO

A partir das propriedades conhecidas, explorar a movimentação dentro da água. Em meio líquido toda força aplicada resulta em um movimento “contrário”, ou seja, se pretendo me deslocar para frente, devo exercer uma força para trás e vice-versa. Assim acontece também pra baixo e para cima.

Esses são os primeiros passos para começarmos a buscar o aprendizado aquático. Nadar não é nenhum bicho de sete cabeças, basta paciência, vontade e, sobretudo, alegria e satisfação por estar encarando seu medo frente à frente.

Bóra pra água?

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